Alienação em doses maciças

5 12 2011

Remédios, auto-ajuda, telenovela: tudo o que você precisa para viver!

As imagens abaixo reproduzem as capas de 4 revistas semanais de informação do Brasil, uma do Reino Unido e uma dos EUA, todas publicadas no final de novembro de 2011. Enquanto importantes revistas estrangeiras e a nacional Carta Capital tratam de um tema relevante – a crise na Zona do Euro e a queda do corrupto primeiro-ministro italiano -, Veja, Época e Istoé preferem ficar no rame-rame eterno das capas sobre “novas técnicas de rejuvenescimento”, telenovelas e entretenimento. Jornalistas que trabalham nesse tipo de empresa consideram-se bem “moderninhos”, mas na verdade suas capas parecem repetir-se indefinidamente no tempo. Essas capas de Veja, Época e Istoé poderiam muito bem ser de 1990, 1995, 2001, 2003… Presos a um eterno presente, sem compreender as transformações de seu país e de seu mundo, os leitores dessas revistas permanecem na ilusão de estar bem informados. Publicitários e anunciantes (que enchem as páginas dessas revistas com doses extras de alienação) agradecem.





Não existe um “livro didático que ensina a escrever errado”: veja o artigo da Daniela

18 05 2011

“Por uma vida melhor”: por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”

(A respeito de uma polêmica em que muita gente já falou besteira demais, reproduzo a seguir texto publicado em http://cloacanews.blogspot.com/2011/05/nos-roubemo-as-palavra-de-outro-blog.html e também em http://somosmulheresdefibra.blogspot.com/)
Por Daniela Jakubaszko*, do blog Mulheres de Fibra

A polêmica que se criou em torno do livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo MEC, é inútil e representa um retrocesso para a Educação.

Como lingüista e professora de português defendo ardorosamente a utilização do livro. Vou explicar, mas antes faço alguns esclarecimentos:

1. A escola é o lugar por excelência da norma culta, é lá que devemos aprender a utilizá-la, isso ninguém discute, é fato.

2. O livro NÃO está propondo que o aluno escreva “nós pega” – como estão divulgando por aí – ele está apenas constatando a existência da expressão no registro “popular”. Do ponto de vista cotidiano, a expressão é válida porque dá conta de comunicar o que se propõe. E ela é mais que comum e, sejamos sinceros, é a linguagem que o leitor dessa obra usa e entende. Será que é intenção da escola se comunicar com ele de verdade? Se for, ela tem que usar um livro que consiga fazer isso. Uma gramática cheia de exemplos eruditos e termos que o aluno não consegue nem memorizar, com certeza, não vai conseguir.

3. O que o livro está propondo é trocar as noções de “certo” e “errado” por “adequado” e “inadequado”. E isso é mais que certo. Vou explicar a seguir.

4. A questão é: como ensinar a norma culta num país de tradição oral, e no qual existe um abismo entre a língua oral e a língua escrita? Como fazer isso com jovens adultos – que já apresentam um histórico de “fracasso” em seu processo formal de educação e, muito provavelmente, na aquisição dos termos da gramática e seus significados. Se esse jovem não assimilou até o momento em que procurou o EJA (Educação de Jovens e Adultos) a “concordância de número”, como o professor vai fazê-lo usar a crase? Isso para mencionar apenas um dos tópicos mais fáceis da gramática e que a maioria das pessoas, inclusive as “mais cultas e graduadas”, algumas até mesmo com doutorado, ainda não sabem explicar quando ela é necessária.

Por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?

Vou mencionar apenas 3 razões, para não cansar demais o leitor, mas existem muitas outras, quem se interessar pode perguntar que eu passo a bibliografia.

1. Primeiro, por uma questão de honestidade com o aluno. A língua é viva, assim como a cultura, e não pode ser dirigida, por mais que tentem. Por isso, não existe nem “certo” nem “errado”: as regras são convenções e são alteradas de tempos em tempos por um acordo entre países falantes de uma mesma língua. O que era “errado” há alguns anos, hoje pode ser “certo”. Agora é correto escrever lingüística sem trema – o que discordo – e ideia sem acento. Assim, o que existe é o “adequado à norma culta” e o “inadequado à norma culta”. E essa norma é uma convenção, não uma lei natural e imutável. Além disso, por mais que a escola seja representante da norma culta, isto não significa que ela deva ficar “surda” diante dos demais níveis de fala. A língua portuguesa – ou qualquer língua – não pode ser reduzida à sua variante padrão. Tão pouco as aulas de português devem ficar. Afinal, se numa narrativa aparece um personagem, por exemplo, pescador e analfabeto, como o aluno deverá escrever uma fala (verossímil) para ele? Escrever de forma inverossímil é certo? Aliás, o que seria dos poetas e escritores se não fosse o registro popular da língua? Acho que Guimarães Rosa nem existiria.

Com certeza a crítica ao livro parte de setores conservadores e normativos. Eu, como lingüista e professora, não apoio a retirada dos livros porque não acho justo falar para o aluno que o jeito que ele fala é errado, até porque não é, só não está de acordo com a norma culta, o que é muito diferente. Depois que você explica isso para o aluno é que ele entende o que está fazendo naquela aula. Essa troca faz toda a diferença.

2. Segundo, porque quando você diz para um aluno sucessivas vezes que o que ele fez está “errado” você passa por cima da subjetividade dele e acaba com toda a naturalidade dessa pessoa. Daí, ela não fala “certo” e também não sabe quando fala “errado”. Assim, quando na presença de pessoas que ela julga mais letradas que ela própria, não tenha dúvida, vai ficar muda. A formação da identidade do sujeito passa obrigatoriamente pela aquisição da linguagem, viver apontando os erros é desconsiderar a experiência de vida daquela pessoa, é diminuí-la porque ela não teve estudo. E não se engane: ela pode se tornar até uma profissional mais desejada pelo mercado por usar melhor a norma culta, mas não necessariamente vai se tornar uma pessoa melhor.

3. Em terceiro, porque é urgente trocar o ponto de vista normativo pelo científico. A lingüística reconhece que a língua tem seu curso e muda conforme o uso e a cultura: já foi muito errado falar (e escrever) “você”, por exemplo. A lingüística também reconhece que a língua é instrumento de poder, por isso, nada mais importante do que desmistificar a gramática normativa. Isto não significa deixá-la de lado, mas precisamos exercitar uma visão mais crítica. Esse aluno sente na pele a discriminação social devido ao seu nível de fala, nada mais natural que ele rejeite a norma culta e considere pedante a pessoa que fala segundo a norma padrão. É compreensível, ainda, que ele não entenda grande parte do que se diz em sala de aula. O que não é compreensível é o professor, ou melhor, “a Escola”, não entender a razão de isso acontecer.

Em nenhum momento foi dito que a professora e autora do livro em questão não iria corrigir ou ensinar a norma culta aos alunos, só ficou validado o registro oral. Os alunos precisam entrar em contato com o distanciamento científico. E os lingüistas não saem por aí corrigindo ninguém, eles observam, e você, leitor, bem sabe como funciona a ciência – e um aluno de pelo menos 15 anos já precisa começar a ouvir falar do pensamento científico. Além disso, é muito bom que eles percebam se o nível de fala que usam tem prestígio ou não, e o porquê.

Por que ignorar o estudo da língua oral em sala de aula? Eu fazia um trabalho nesse sentido com os meus alunos e só depois de transcrever entrevistas orais eles conseguiam ouvir a si mesmos e tomar consciência de seu registro lingüístico: “nossa, como eu falo gíria! Eu nem percebia!”. Aí sim eles entendem que, com o amigo, com os pais, eles podem dizer “os peixe”, mas que na prova é preciso escrever “os peixes”, no seminário é preciso dizer “os peixes”, mas ele precisa estar à vontade para fazer isso. A realidade em sala de aula é que os alunos não entendem onde estão errando. Quando você explica o conceito de norma culta eles entendem. Cria-se um parâmetro e não uma tábua de salvação inatingível. É aceitando o registro desse interlocutor e apresentando mais uma possibilidade de uso da língua para ele que vai surgir o esforço para aprender. Se você insistir no “certo” e no “errado” ele vai ficar com raiva e rejeitar o novo. Quer apostar?

Ter uma boa comunicação não é sinônimo de usar bem as regras da gramática. Para ensinar os conceitos de “gramática natural” e “gramática normativa” temos de dar esses exemplos. Os conservadores se arrepiam porque eles partem do princípio que você nunca pode escrever ou falar nada errado na frente do aluno. Para mim isso é hipocrisia: o aluno tem direito de saber que o registro que ele usa em casa é diferente daquele que ele usa na rua, no estádio de futebol, na escola, no trabalho, em frente ao juiz. E tem o direito de saber que o “correto” se define por aquele que tem mais prestígio social. Essas são só as primeiras noções de sociolingüística, para quem quiser abrir a cabeça e saber. Ou será que a língua portuguesa se aprende descolada da realidade? É isso que se está tentando mudar. É tão difícil assim perceber isso?

Quando me perguntam qual é a função do professor de português na escola, eu respondo: oferecer ao aluno um grau cada vez mais elevado de consciência lingüística; oferecer instrumentos para que ele possa transitar conscientemente entre os diversos níveis de linguagem. Só depois de realizada essa operação o aluno vai conseguir escrever conforme as regras da norma culta. E falar a norma padrão com naturalidade. Ou, ainda, escolher falar conforme o ambiente em que cresceu e formou a sua subjetividade (Lula que o diga, comunica-se muito bem, sem camuflar as suas origens). É bom ficar claro que a função do professor não se reduz a “corrigir” o aluno. Isso, o google, até o word, pode fazer. Ajudar o aluno a ter consciência de seu nível de fala é outra história…

O problema não é uma pessoa dizer “nós pega”, o problema é ela não entender que esse uso não é adequado em determinados contextos, o problema é não saber dizer “nós pegamos”. Ou sequer compreender porque não pode falar “nós pega”… É, leitor, tem muito aluno que não entende porque precisa aprender uma lista de nomes difíceis que nada significam para ele e que ele não enxerga a relação direta entre uso da norma culta e como esta vai ajudá-lo a melhorar de vida.

Conheço quilos, ou toneladas, de gente formada, pós-graduada, que fala “seje” e não tem consciência de que está falando assim, e ainda critica quem fala “menas”. Ouvir a si mesmo é uma das coisas mais difíceis de fazer. E como ajudar o aluno a fazer isso?
O primeiro passo é, sem dúvida, abolir o “certo” e o “errado”. Enquanto o professor for detentor da caneta vermelha, o aluno vai tremer diante dele e nada do que ele disser vai entrar na cabeça dessa pessoa preocupada em acertar uma coisa que não entende, tem vergonha de dizer que não entende, então não pergunta, faz que entendeu, erra na prova e o resultado é ela se achar cada vez mais burra e desistir de estudar. Ufa… Puxa, ninguém estuda mais psicologia da educação? Isso é básico!

E então, leitor, o que é mais honesto com esse aluno que chega na EJA com a autoestima lá em baixo? Começar falando a língua dele e depois trazê-lo para a norma padrão ou começar de cara a humilhá-lo com uma língua que ele não entende?

É muito sério quando pessoas leigas começam a emitir, levianamente, juízos de valor sobre assuntos que não dominam. Alguns jornalistas, blogueiros e “opineiros” de plantão, por exemplo, sem conhecimento dos conceitos e técnicas de ensino em lingüística, sem a menor noção do que está acontecendo nas salas de aula desse país, começam a querer dizer para os professores o que eles têm de fazer, como eles têm de ensinar! Isto sim, é nivelar por baixo! É detonar, mais ainda, a autoridade do professor, já tão desprezada no país. Ah, e ainda fazem isso sem perceber que freqüentemente cometem erros crassos; eu estou cansada de lê-los em blogs, jornais e revistas, e ouvi-los na televisão. Não que precisem, ou usamos com eles os mesmos critérios que defendem?

E então, qual é mesmo o tipo de educação que o Brasil precisa?

* Daniela Jakubaszko é bacharel em lingüística e português pela FFLCH-USP, mestre e doutora pela ECA-USP.





Para quem não quer ficar na mão do oligopólio da mídia burguesa…

30 04 2011

Lista de sites de informação alternativa:

http://www.cartamaior.com.br

http://operamundi.uol.com.br/

http://entendaumpouco.blogspot.com/

http://blogdosakamoto.uol.com.br/

http://diplomatique.uol.com.br/

Jornalismo crítico e transparente. Notícias sobre política, economia e sociedade com olhar progressista.

http://www.correiocidadania.com.br

Página inicial

http://www.brasildefato.com.br

http://www.viva.mulher.blog.uol.com.br

http://carosamigos.terra.com.br/

http://rebelion.org/

http://www.tijolaco.com/

HOME

http://www.conversaafiada.com.br/

http://cartacapitalwikileaks.wordpress.com/

http://www.lavrado.wordpress.com

Página inicial

Home V2

http://www.viomundo.com.br/

http://www.resistir.info/

http://socialismo.org.br/portal/

Ou então fique com a Globo, a Veja, a Folha de São Paulo & assemelhados:





Abaixo-assinado em defesa de Julien Assange e do Wikileaks

10 12 2010

Em mais um capítulo da saga da liberdade de expressão e dos direitos humanos sob o capitalismo, EUA, Reino Unido e Suécia perseguem, ameaçam de morte e prendem Julien Assange, culpado do terrível crime de divulgar o genocídio praticado por essas potências no Iraque, as tramas para desestabilizar governos democráticos etc.

Cadê a liberdade de expressão?

Eis o link para quem quiser manifestar apoio a essa causa – por volta do meio-dia de 10 de dezembro, já tinha 400 mil assinaturas de pessoas do mundo todo.

http://www.avaaz.org/po/wikileaks_petition/97.php

Ah, em tempo: vejam o blog da Natalia Viana (Carta Capital) comentando os vazamentos do Wikileaks! Imperdível.

http://cartacapitalwikileaks.wordpress.com/





Políticos roraimenses ensinam que MOTESGUI foi um importante filósofo francês

13 09 2009

Pseudo-jornalismo e movimento social de araque

Hoje assistimos ao jornalismo fake do deputado Márcio Junqueira, em seu programa eleitoral denominado “Roraima Passado a Limpo”. Tudo é montado para parecer espontâneo, como se Junqueira fosse uma espécie de jornalista investigativo. Naturalmente, somente pessoas afinadas com seus pontos de vista são ouvidas.

Exploraram o sofrimento do pobre ex-posseiro da área do Caracaranã, de família tradicional na região, que conheci ainda criança, quando ia com minha família para aproveitar as praias do lago. Um homem honesto e conhecido por muita gente daqui.

Às custas do sofrimento daquela família, que mantinha uma infra-estrutura simples de alojamento e restaurante para os turistas que visitavam o lago, Junqueira e Faradilson protagonizaram uma comédia de mau gosto. Faradilson é a auto-denominada liderança de uma certa FAMER, Federação das Associações de Moradores do Estado de Roraima. Curiosamente, a FAMER tem se alinhado automaticamente a todas as causas mais reacionárias dos últimos anos – sempre como uma sombra das iniciativas de Junqueira. Vários outdoors foram espalhados pela cidade, assinados por essa federação, agradecendo e exaltando o referido deputado, quando da regularização da ocupação irregular que ficou conhecida como bairro São Bento. Agradeceram, por exemplo, o poço cavado, segundo eles, pelo deputado. Um poço escavado próximo da lagoa de estabilização que trata os esgotos de toda a cidade. Um ato de inaudita generosidade, sem dúvida.

O argumento é o mesmo de sempre: a homologação da terra indígena expropriou uma família de posse centenária, a terra indígena será administrada pela FUNAI e pelas ONGs estrangeiras etc.
Obviamente, o fato de que famílias indígenas vivem na região há muitos séculos, e não há apenas um século, foi considerado irrelevante pelo pseudo-jornalista.

Para fechar com chave de ouro, estamparam após os créditos do programa eleitoral a frase “Uma injustiça cometida a um indivíduo é uma injustiça cometida a todos”. Autoria: MOTESGUI. Como a picaretagem intelectual hoje em dia raramente é contestada, muita gente sente-se livre para fingir que conhece a obra de um autor clássico sem precisar ler nada.
A grafia do nome mostra a profundidade do conhecimento de Faradilson e Junqueira sobre a obra de Montesquieu. Eles tem a absoluta certeza de que somos todos idiotas.

Faradilson nos ensinou, ainda, que “na Europa grandes guerras foram travadas por menos do que isso” [a desintrusão de algumas famílias da terra indígena]. “Por exemplo,” disse ele com ar professoral, “o Kuwait entrou em guerra com o Iraque por causa de um único poço de petróleo”. Notável. Eu, na minha ignorância, julgava que o Kuwait e o Iraque ficavam na Ásia, e não na Europa. Se não fossem esses sábios, eu continuaria acreditando que o Iraque tinha ocupado todo o Kuwait, e não apenas um poço.

Na semana passada, Faradilson, sempre em nome dessa federação tão representativa que até hoje não conheci ninguém de qualquer bairro que tenha votado nele como seu representante, encenou outra comédia: à frente de vários ônibus cheios de crianças e adolescentes, tentou fazer uma provocação aos professores grevistas na praça do Centro Cívico. A pretensa manifestação seria apresentada como um protesto de pais e alunos contra a greve. O tiro saiu pela culatra: as crianças e os adolescentes, levados a um show de manipulação, possivelmente sem consentimento dos pais, estavam sem água, em meio ao forte calor. Foram pedir água aos professores, e disseram não saber para que estavam sendo levados ao centro da cidade! Vários disseram estar ao lado dos professores nessa greve, e uma adolescente inclusive pediu para subir ao carro de som, fazendo em seguida uma inflamada intervenção a favor da greve e contra a manipulação de que era vítima. Contam os presentes naquele dia que Faradilson tentou discursar contra a greve, mas foi abafado pelos aplausos irônicos dos professores. Uma comédia-pastelão como aquela só podia ser mesmo aplaudida, mas o tal líder ficou furioso, ao que consta.

Estranhamente, a FAMER nunca se pronunciou sobre as denúncias de merenda estragada, sobre o não-funcionamento do conselho do FUNDEB, sobre as denúncias de irregularidades nesse Fundo em Roraima ou sobre o salário de fome dos funcionários de escola concursados, que estariam recebendo 419 reais líquidos por mês. Tampouco se pronuncia quando os policiais militares que participaram da última greve denunciam perseguição política na corporação. É um silêncio ensurdecedor, como diria o velho reaça Nelson Rodrigues.

Não é a primeira nem a última vez que a direita e os donos do poder montam movimentos sociais de cima para baixo, artificialmente, para confundir a opinião pública. Não vou nem falar sobre a Sodiurr. No Chile, em 1973, a direita financiada pela CIA organizou greves para desestabilizar Allende, em uma conspiração que desgraçadamente foi muito bem-sucedida. A própria imprensa e o Congresso dos EUA divulgaram que a CIA pagou 4 milhões de dólares para ajudar os empresários dos transportes a manter o locaute que trouxe o caos ao abastecimento de alimentos e matérias primas em todo o país, pouco antes do golpe de 11 de setembro.





Honduras resiste! Mas porque toda a mídia distorce o que está acontecendo por lá?

21 07 2009

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Como amostra do repúdio internacional aos golpistas, estes cartazes foram produzidos por voluntários de diferentes países. Reproduzi esse material de http://ceticosantitermidorianos.blogspot.com/.

Mas por que a mídia brasileira insiste em dizer que o presidente violou a constituição ao convocar um plebiscito para estender seu mandato? Ignorância, má fé ou reflexo condicionado diante de qualquer governo que não diga amém automaticamente ao neoliberalismo e à hegemonia dos EUA?

Um relato escrito pela ex-secretária de comunicação de Allende parece ser o primeiro que tenta explicar o que está acontecendo em Honduras:

“O pecado de Zelaya

Manuel Zelaya disputou a eleição pelo Partido Liberal, que é um dos dois partidos políticos tradicionais de Honduras que se alternam no governo nos períodos em que não há ditaduras. Embora ambas as coletividades possam incluir-se na direita política, o Partido Liberal tem assumido há alguns anos uma linha progressista e inclusive pertence à socialdemocrata Internacional Socialista. Zelaya teve desde o começo a oposição dos meios de comunicação que pertencem, sem exceção, à direita política, ganhou a eleição por uma margem de votos não muito grande para o seu rival do Partido Nacional e foi ratificado como presidente depois da visita intervencionista de uma enviada do então presidente Bush.

Uma vez no governo, a gestão do mandatário se orientou para a busca de uma maior justiça social, o que produziu uma forte oposição de seus adversários políticos e inclusive de alguns personagens de seu partido. Seu mais encarniçado rival tem sido Roberto Micheletti, presidente do Congresso que, hoje, graças ao golpe, pode ostentar-se como presidente. Micheletti é um presidenciável frustrado, perdeu todas as vezes que aspirou a ser candidato de seu partido ao cargo mais importante do país. Foi derrotado por Zelaya e também por quem agora postula o cargo nas eleições previstas para 29 de novembro próximo.

Às distintas medidas postas em prática por Zelaya se agregou uma, baseada na Lei de Participação Cidadã, promulgada no seu governo. Essa lei assinala que os cidadãos podem pedir ao presidente que se faça uma consulta cidadã, que não é vinculante, sobre o tema que avaliem como de seu interesse. Mais de 400 mil pessoas solicitaram que se consultasse a opinião das pessoas sobre uma Assembléia Constituinte. Essas consultas, segundo a lei, devem ser feitas pelo Instituto Nacional de Estatística e não têm outro objetivo que o de conhecer o que o cidadão comum pensa sobre o tema de que se trate.

Isso é o que ia ser consultado no dia em que houve o golpe de estado. A pergunta concreta era:

“Você está de acordo que nas eleições gerais de novembro de 2009 se instale uma Quarta Urna na qual o povo decida a convocatória de uma Assembléia Constituinte?”

“Sim…….Não……”

A Quarta Urna era a que seria agregada às três urnas em que se deposita o voto nas eleições gerais; delas, uma é para a votação para presidente da República, outra para parlamentares e a terceira, para prefeitos e vereadores. O mandato de Zelaya termina em janeiro, de modo que tudo o que for relativo à eventual convocatória de uma Assembléia Constituinte seria algo que teria a ver com seu sucessor ; portanto, nem sequer existia um projeto que considerasse a reeleição presidencial nem nenhuma outra matéria relativa ao tema.

O motivo pelo qual se desatou o problema é muito diferente. Honduras tem uma Constituição promulgada em 1982, sob um regime ditatorial do general Policarpo Paz Garcia e nela os 8 primeiros artigos são declarados “cláusulas pétreas”, isso quer dizer que não podem nunca serem modificados. A razão é uma só: são os que determinam um tipo de governo autoritário e defensor dos interesses de determinados setores, que não estão dispostos a perder o poder. E aquele que tente mudar a constituição é considerado “traidor da pátria”.”

* * *

Isso deixa muitas perguntas no ar:

Uma constituição imposta por uma ditadura é legítima? Não se pode alterá-la no todo ou em parte?

Se realmente se decidir por um plebiscito que seja permitida a reeleição (que somente seria válida para o sucessor do atual presidente), esse procedimento não seria mil vezes mais democrático e moralmente correto do que a forma como o Príncipe dos Sociólogos impôs a reeleição no Brasil?

Por que não se divulga que Michletti (o presidente golpista) concorreu várias vezes à presidência, só conseguindo “chegar lá” por meio de um golpe?

Por que a mídia brasileira não explica que a consulta popular não tinha poder vinculante?

Nossos meios de comunicação são tão objetivos e imparciais, não são?

Leia o texto integral em http://www.socialismo.org.br/portal/internacional/38-artigo/1016-ex-secretaria-de-allende-golpe-e-advertencia-para-america-latina-





Jornalismo maroto

8 04 2009

Hoje, na Rede Amazônica, o noticiário regional mencionou o aquartelamento e a greve da PM de Roraima. Entrevistaram o comandante da PM, que explicou que os policiais em greve serão presos por sessenta dias e responderão na Justiça militar por deserção. Entrevistaram alguém do movimento grevista? Algum bombeiro, algum soldado, alguma liderança? Não.

Este é o padrão da grande mídia conservadora. Não foi uma “falha”, um lapso, um deslize. Não é exceção ouvir somente um lado, negando ao outro lado (sempre os movimentos sociais, a contestação do status quo) a voz, o direito à existência mesmo. É como se só existisse sempre uma versão. O outro lado não existe. Exceção é quando essa mídia ouve o outro lado e permite que o leitor ou espectador tenha acesso a uma notícia mais equilibrada.

Somente poucos veículos da mídia seriam capazes de fazer uma perguntinha tão simples quanto óbvia ao comando da PM: ” Senhor comandante, os crimes atribuídos a oficiais serão investigados e punidos com a mesma celeridade?”