Escala Voltaire de Sutileza

30 04 2010

Às vezes meus amigos me dizem que exagero nas ironias. Na verdade, às vezes uma ironia pode passar despercebida; em outros momentos, pode-se “forçar a mão” e transformar uma ironia em uma chacota nada sutil. Mas onde se situa a linha que separa a ironia do sarcasmo? Proponho aqui uma escala graduada de ironia, batizada de Escala Voltaire (este sim, um dos mestres da ironia). Aceito sugestões para aperfeiçoá-la.

A ideia é que o grau máximo de grosseria (9) equivale ao grau zero de sutileza, e vice-versa. Dessa forma, por exemplo, aquela propaganda da prefeitura afirmando que as obras de drenagem da cidade estão uma maravilha, eliminando os pontos de alagamento, configura um bom exemplo de SARCASMO (grau 5,5 de grosseria contra o cidadão que enfrenta alagamentos por toda parte). Já as propagandas surreais dos bancos, mostrando sempre clientes felizes e satisfeitos, agências sem filas, funcionários e gerentes solícitos (sem falar naquele comercial delirante da Caixa Econômica em que os funcionários realizam uma performance de dança digna da Broadway) constituem um exemplo de DEBOCHE (grau 7 de grosseria contra o cliente).

Por fim, a propaganda do governo estadual mostrando as maravilhas da educação pública roraimense, como se não faltasse papel, pincéis e os materiais mais elementares nas escolas estaduais com infiltrações, bibliotecas precárias ou inexistentes, evidencia-se como um caso de ESCÁRNIO (grau 9 de grosseria contra os alunos, pais e professores).





A sutil arte da publicidade

5 02 2009

pic_00031 Sim, meus amigos. Estamos diante de um anúncio marcante pela sutileza e elegância, que oferece discretamente aos leitores do jornal um serviço tão necessário quanto desagradável. De uma maneira quase poética, o anunciante utiliza um termo conhecido para aludir (vejam bem: aludir) ao subproduto do serviço oferecido. Uma beleza, não? PS.: os personagens que aparecem no desenho são exatamente aquilo que você pensou.