A sensacional liberdade de expressão no capitalismo

1 11 2010

Santiago, tu és um gênio, índio véio...

Pois é, agora que a sociedade civil em alguns estados tenta criar conselhos de comunicação para efetivar o que determina a constituição (no que diz respeito às concessões de rádio e TV, por exemplo, a constituição vem sendo reiteradamente violada desde o início), a grande mídia corporativa e oligopolizada brada que o Brasil caminha célere rumo a uma ditadura… E fazem encontros sobre a “liberdade de expressão” no Clube Militar, ao lado dos generais de pijama, saudosos da ditadura… Não é comovente?

Mas, examinemos um pouquinho o que esses caras entendem por “liberdade de expressão”:

1. Negam que tenha havido um “golpe” em Honduras; houve apenas a “destituição” de um presidente eleito. Ah, bom…

2. Passam a imagem de que o Irã (orçamento militar de 7 bilhões de dólares) é uma ameaça à paz mundial, enquanto os EUA (orçamento militar de 663 bilhões de dólares) são um exemplo de respeito aos direitos humanos e jamais fariam mal a uma mosca.

3. Chamam Chávez de ditador (a Venezuela não tem presos políticos) e elogiam a “modernidade” das “democracias” vigentes no México e na Colômbia, ignorando os sistemáticos abusos contra os direitos humanos, as fraudes eleitorais mexicanas, as valas comuns com milhares de pessoas assassinadas pelo exército colombiano e pelos paramilitares a soldo da direita colombiana etc… A senadora colombiana Piedad Córdoba, uma das únicas a ter coragem de interpelar o governo por tais abusos, acaba de ser cassada!

4. Abrem as páginas para ficha falsa do DOPS sobre a Dilma, integrante da resistência contra a ditadura, mas silenciam quanto à atuação de Aloysio Nunes Ferreira na guerrilha e nas apropriações de 1968. Por quê? Porque Aloysio era candidato (vencedor) ao senado pelo PSDB, oras!

5. Arrogam-se o monopólio da “opinião pública”, sempre a serviço de sua própria agenda: só mostram “especialistas” e analistas contrários à política externa independente; favoráveis à privatização; contrários às experiências democráticas na Bolívia e no Equador. Elogiaram até cansar o modelo falido da Argentina de Menem, e ficaram calados quando a casa caiu. Criticaram nossa política Sul-Sul e elogiaram a “lucidez” do México, com sua virtual anexação colonial aos EUA, mas se calaram quando o México se arrebentou na crise de 2008-2009, enquanto o Brasil saiu praticamente ileso; exigiram drásticos cortes do investimento público diante da crise mundial – o governo fez exatamente o contrário, felizmente.

6. Em 2010, quando um jornalista fazia uma pergunta incômoda a Serra, este esbravejava e, eventualmente, pedia a cabeça do repórter. Heródoto Barbeiro, tradicional apresentador do Roda Viva, foi demitido da TV Cultura nessas circunstâncias. Maria Rita Kehl foi demitida do jornal Estado de São Paulo por manifestar opinião diferente da linha editorial preconceituosa defendida por aquele periódico. Mais recentemente, um jornalista do Diário do Nordeste (CE) foi demitido por fazer uma matéria sobre o marxismo, vejam só! Os jornais ingleses de 150 anos atrás eram mais modernos… Clique aqui para ler… Detalhe: o jornalista não emitiu juízo de valor nem sua opinião pessoal. A matéria foi motivada pelo lançamento do livro Revoluções, do respeitado sociólogo Michael Lowy.

7. O já referido senador eleito Aloysio Nunes mostrou toda a sua cordialidade e respeito à mídia:
“O senador eleito por São Paulo, Aloysio Nunes (PSDB), perdeu a cabeça logo ao chegar aos estúdios da Record, para o debate entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). O tucano passou a xingar o repórter da Rede Brasil Atual e Revista do Brasil João Peres, após ser avisado por um assessor de quais publicações se tratavam.

“Não vou conversar com você, seu pelego filho da p… Esta revista é bancada pelo PT”, disse ao sair.” Veja a notícia aqui.

Ora, não vimos essa mesma indignação quando o Namaria News revelou os 250 milhões de reais que o governo paulista do PSDB deu à mídia amiga SEM LICITAÇÃO, na forma de compra de assinaturas para as escolas estaduais paulistas. VEJA e outras revistas da Abril, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo. Como sempre, primeiro compraram a mercadoria sem um projeto pedagógico, nada. A posteriori, houve alguns projetinhos pedagógicos. Mas ficou patente que a prioridade era dar dinheiro para esses órgãos, sem licitar. Por que a Carta Capital, a Caros Amigos, a Fórum ficaram de fora? Por que, meu Deus? Clique aqui para ler a entrevista genial da Namaria.

Pois é, meus queridos. Fiquemos alertas – como diz o hino do RS, mostremos valor, constância nesta ímpia e injusta guerra. A mídia corporativa, que aplaudiu de pé o golpe de 64, agora mantém a censura a qualquer voz dissonante. Ela é chegada a uma ditadura… Como já mostraram o Atílio Borón e tantos outros, o capitalismo é incompatível com a democracia. Abraços a todos e a todas.