Fluxo de consciência entre a Praça do Congresso e o Largo de São Sebastião

10 06 2014

Manaus, metrópole cabocla. Em todos os sentidos.

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Não sei se a arquitetura manauara era kitsh em 1910. É possível. Mas para mim os casarões do ciclo da borracha são lindos. Não tenho tanta certeza se o kitsh de hoje será lindo daqui a cem anos.

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Uma das coisas que lembro de Manaus do tempo de criança é que a Fanta daqui era muito mais escura. Dizia-se que era por causa da água do Rio Negro. Até hoje me pergunto se isso era folclore.

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Manaus é um enigma fascinante para a História, para a Sociologia, para a Antropologia. Gosto muito dessa cidade, mesmo com todas as suas contradições. Mas admito que visita-la é um golpe para a autoestima de um roraimense: se Manaus é provinciana, Boa Vista é o quê?

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A “França Equinocial” micou, sob o ataque dos luso-brasileiros no século XVII. Mas quem diria que os ricaços da borracha ergueriam a versão delirante de uma Paris equatorial no final do XIX? Seu cimento era o suor dos seringueiros tapuios e nordestinos.





Apresentações em Power Point

30 08 2013

Compartilho aqui material de estudos, resumos, apresentações usadas em aulas e grupos de estudos. Podem ser usados, desde que citada a fonte.

http://www.slideshare.net/andreaugfonseca/presentations





Este bispo do Século XVIII seria um bom nome para o PSC colocar na comissão de Direitos Humanos

30 03 2013

O livro O Trato dos Viventes, de Luís Felipe Alencastro, é um precioso e prazeroso livro de História do Brasil, escrito por um grande historiador, comprometido com a tarefa de compreender nosso país hoje. Já nasceu um clássico. Além de ser escrito com rigor profissional, usa uma linguagem ágil, correta e ao mesmo tempo popular. Quem não leu ainda, vai adorar. Ri muito com esse parágrafo do Alencastro (e acrescento uma aquarela do Julião, artista e engenheiro residente no Brasil do século XVIII:

“Frei Vitoriano, bispo de Cabo Verde no início do século XVIII, perdia o sono só de pensar nas fornicações dos moradores de sua ilha. Estremecido pelo desejo de estorvar coitos, levantava e ‘saía pessoalmente de noite a tirar as concubinas não só das casas dos clérigos, mas também das dos seculares, ainda em partes distantes e fora da cidade.’ E que fazia esse insone energúmeno das amantes assim surpreendidas? As livres iam degredadas para outras ilhas do arquipélago africano, enquanto as escravas eram deportadas para ser vendidas no Rio de Janeiro. Carecia debelar as mancebias, mas ninguém precisava perder dinheiro por causa disso.” (ALENCASTRO, 2001, p. 162).

icon30306_058CARLOS JULIAO





Uma descrição do Vale do Rio Branco, feita há mais de 230 anos

10 04 2012

Em 1777, um funcionário da Coroa Portuguesa visitou o Vale do Rio Branco e deixou uma bela descrição. Partilho aqui uma parte desse manuscrito:

“Até trinta léguas em distancia da sua barra é bordado de selvas: porém a maior parte do seu curso é por campos dilatados a perder de vista, cujos baixos inunda com as enchentes. Por estes campos se acham intermediadas, em distancias, moutas ou ilhas de arvoredos, que os fazem mais amenos. Os montes, dispersos por todos os lados, acabam de completar a mais agradavel e elegante perspectiva que se pode offerecer à vista. Elles são cheios de cavernosas concavidades ou grutas, que servem de segura habitação aos indios das nações Uapixana e Macuxy. […]

“O clima do Rio Branco, ainda que situado na zona torrida, experimenta os mais benignos influxos. É uma eterna primavera. O que se conhece de inverno é o maior excesso das chuvas no mez de Abril até Agosto: então é que intumesce o rio com as aguas, que arrebatadamente descem das montanhas. Nos outros mezes do anno mitiga e refrigera os ardores do sol, não somente uma noite igual ao dia, em que cahe abundante orvalho, mas também os ventos nortes que alli reinam, incomomodos sim, mas saudaveis e uteis afugentadores da praga dos mosquitos de diversas especies, a que as aguas estagnadas dão necessario nascimento”.

(Relação geográfica e histórica do Rio Branco da América Portuguesa, pelo Bacharel Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio, in Revista do Instituto Histórico, 13, 211/212).

Aquarela da Expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira, séc. XVIII.





Maquete do Forte São Joaquim (séc. XVIII)

23 12 2011

Outro dia fui com o Lucas Avelar, professor da UERR, conhecer a maquete que foi instalada no quartel do 6. BEC, em Boa Vista (RR). Esse forte fazia parte do colar de fortificações que os portugueses erigiram em torno das fronteiras definidas nos tratados de limites do século XVIII. Ao contrário do forte Príncipe da Beira (RO) e São José de Macapá (AP), entretanto, o forte daqui era mais modesto e não foi conservado. A maquete foi feita com pedras, argila, madeira e palha. O resultado ficou mesmo atraente.





Grupo de Trabalho e Discussão em Ensino de História: conclusões

28 10 2011

Durante a VII Semana de História da UFRR, tivemos um produtivo debate sobre o ensino de História hoje em Roraima. Aqui segue o texto produzido coletivamente pelo GTD (Grupo de Trabalho e Discussão) a respeito desse tema:

RELATÓRIO FINAL GTD ENSINO DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO

Ao considerarmos as discussões propostas no grupo, identificamos a falta de parâmetros comuns e a consequente necessidade de reflexão coletiva sobre o ensino de História, em pontos que consideramos fundamentais para uma educação significativa e compromissada com a formação de cidadãos críticos e que compreendam o mundo em que vivem.

Um dos primeiros pontos discutidos trata da ideia equivocada de uma lista de conteúdos padronizada para todas as escolas, na pretensão de se evitar supostas “lacunas” nos conhecimentos históricos dos alunos (em uma evidente confusão entre conhecimento histórico e conteúdos). De forma unânime, considerou-se tal proposta inviável e indesejável, pois uma padronização não leva em consideração a realidade dos alunos concretos, desconsidera a necessidade e o direito à autonomia dos professores em planejar e selecionar conteúdos. Repudiamos toda tentativa de obstar essa autonomia, seja na forma de sistemas apostilados, imposição de listas de conteúdos ou outra medida autoritária. Somente aos Parâmetros Curriculares Nacionais e ao Projeto Pedagógico da escola, construído coletivamente, é que o planejamento do professor deve se subordinar.

Quando é desrespeitado o direito do professor de elaborar seu planejamento e selecionar conteúdos, de acordo com as necessidades dos alunos concretos, cabe ao professor reivindicar esse direito e exercê-lo no relacionamento com as coordenações pedagógicas, pais e alunos, respaldado pelo conhecimento específico da área, controle e domínio dos mecanismos didático-pedagógicos e adequação do plano de trabalho aos objetivos de ensino.

Juntamente com essa autonomia é imprescindível que o professor reconheça e assuma o seu papel de mediador e organizador do processo de construção do conhecimento dos alunos, na pretensão de que o aluno compreenda que é sujeito da História e do conhecimento histórico.

Com isso, assumimos que podemos tornar o ensino de História significativo para os alunos, a partir do momento em que eles se compreendem como sujeitos no processo histórico. O ensino de história pode garantir isso se o professor assumir o papel de mediador utilizando metodologias significativas para que o aluno compreenda sua inserção nesse processo.
No momento em que o professor adota essa atitude, acreditamos que uma avaliação significativa e verdadeira deve ser processual e considerar os objetivos propostos no seu planejamento.
Uma reflexão quanto aos problemas que infelizmente persistem no ensino de História em Roraima considerou questões voltadas ao tempo disponível para as aulas de História nas escolas, a falta de recursos e a necessidade de formação continuada.

O tempo disponível para o ensino de história (duas aulas semanais) é insuficiente. Uma vez que a organização do currículo privilegia algumas disciplinas em detrimento de outras, o professor de história tem de assumir mais turmas que um professor de matemática, por exemplo, e assim, disporá de menos tempo para os trabalhos de correção, leitura e planejamento necessários ao ensino de qualidade.

Entre os problemas apontados foi freqüente a citação da falta de recursos tanto nas escolas de rede pública municipal, estadual, como nas universidades que possuem o curso de História. Especificamente identificamos como necessidades mais urgentes em termos de recursos:

A) Acesso à internet como recurso para planejamento e execução do trabalho docente;
B) Projetor de imagens;
C) Mapas;
D) Acervo bibliográfico;

Na questão da formação verificamos que os professores necessitam de formação continuada para refletir sobre sua prática e adquirir conhecimentos técnicos sobre novas metodologias, emprego de determinados recursos tecnológicos para o ensino, etc. Verificamos isso com base tanto nas discussões sobre necessidades e dificuldades apresentadas pelos professores quanto pela leitura das observações e entrevistas que foram realizadas em salas de aula das escolas de rede pública e particular da cidade de Boa Vista no ano de 2010 por acadêmicos do curso de História da Universidade Federal de Roraima.

Sobre essas dificuldades, identificamos uma grande deficiência dos professores no que diz respeito à auto-avaliação: como não há um controle técnico-externo e como a atividade docente se dá de forma bastante solitária, os profissionais apresentaram muita incoerência em seus depoimentos. Por exemplo, um professor afirmava que os alunos sequer abriam o livro, porém elogiou o trabalho apresentado por eles.

Vale lembrar também há muitos profissionais formados em outras áreas lecionam história na rede pública estadual, o que certamente não contribui para a qualidade no ensino de História.

Ainda levando em conta essas observações e entrevistas, consideramos a ideia de que a melhoria da formação inicial é fundamental para o entendimento do docente quanto à finalidade do ensino de História e muitos professores não conseguiram, nas entrevistas, definir essa finalidade. Vimos que há uma dicotomia na relação entre a grade curricular de licenciatura em História e o trabalho exercido pelo professor no ensino básico. Nesse ponto, propomos que haja uma maior consideração nas disciplinas de Práticas e Metodologias, onde possamos trabalhar tanto a teoria e a prática educacional de forma significativa.

Outro aspecto importante é a relação da universidade com a sociedade, ou seja, a socialização do conhecimento produzido na comunidade acadêmica para a comunidade civil. É necessário que este conhecimento chegue à comunidade em geral.
As reflexões feitas pelo grupo propõem ainda que haja, de forma efetiva, o fortalecimento e união da classe em sindicatos e associações visando à luta contra as arbitrariedades impostas aos docentes tanto pelo governo quanto por algumas gestões escolares.

Reivindicamos melhorias na estrutura física das escolas, disponibilização de recursos metodológicos e a inclusão curricular da História Regional nas escolas, bem como a criação de bibliografias didáticas que tratem dessa temática.





Impérios coloniais: jogo didático

10 07 2009

Ataque pirata no estreito de Málaca!As metrópoles europeiasNeste semestre, ministrei uma oficina sobre recursos didáticos na UFRR. O público era de aunos do dep. de História (UFRR e UERR). Utilizamos os mapas conceituais e um jogo que criei para ensinar História Moderna, mercantilismo, Antigo Regime, colonialismo etc. Acho que o pessoal gostou… Neste sábado, jogarei o Impérios Coloniais com os amigos. Aqui, algumas fotos do jogo, durante a oficina.