Chico Buarque ou a facilidade de ser profeta em um país onde as atrocidades se repetem

12 02 2009

Em 2007 a violência no sistema (?) prisional do estado tinha se banalizado a tal ponto que uma manchete como esta não chocava ninguém:
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Idéias como reintegração do apenado à sociedade certamente nem passam pela cabeça de administradores assim. Nesse caso, se o sistema é um inferno incontrolável, por que não tirar algum proveito disso? Espero que o MP restabeleça algum grau de civilização nos presídios, onde tinha virado rotina aparecerem pessoas “suicidadas” como Herzog.

Diretor, policiais militares (inclusive um major, de novo) e civis, agentes carcerários e alguns dos presidiários que executavam o trabalho sujo (homicídios, extorsão, tráfico de drogas, tortura etc.) foram detidos pela polícia federal na operação Bastilha .

Você não acha que um comentário perfeito para essa notícia seria cantarolar uma certa música da Ópera do Malandro?…

Hino à repressão
(Chico Buarque)

Se atiras mendigos
No imundo xadrez
Com teus inimigos
E amigos talvez
A lei tem motivos
Pra te confinar
Nas grades do teu próprio lar

Se no teu distrito
Tem farta sessão
De afogamento, chicote
Garrote, punção
A lei tem caprichos
O que hoje é banal
Um dia vai dar no jornal

Se manchas as praças
Com teus esquadrões
Sangrando ativistas
Cambistas, turistas, peões
A lei abre os olhos
A lei tem pudor
E espeta o seu próprio inspetor

E se definitivamente
A sociedade só tem desprezo e horror
E mesmo nas galeras és nocivo
És um estorvo, és um tumor
Que Deus te proteja
És preso comum
Na cela faltava esse um.


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Uma resposta

14 02 2009
daniel

Fico pensando: “como seria bom que isso so acontecesse em um ou dois estados do Brasil”. É, é verdade, nem isso justifica. De qualquer conta tudo é terrae brasilis.

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